quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

A idealização da pobreza...

Morei na periferia de Maceió boa parte da minha vida, mas mais do que isso... convivi com a criminalidade de perto. Quando eu digo de perto... é de perto. De ser amiga dos bandidos da época.

Hoje, na academia, vejo muitos professores que conhecem a favela e/ou periferia de passar por lá uma horinha para fazer algum trabalho acadêmico. No geral, eles acham que os bandidos são coitados que não tiveram oportunidade.

Não tiveram oportunidade my ass! Esse pensamento tacanho assume que todo pobre favelado que "não teve oportunidade" é um bandido em potencial. Enquanto eles pensam assim, os bandidos não querem é nada com nada mesmo. Como dizia um maloqueiro que eu conheci e que morreu num assalto a um supermercado famoso lá em Maceió, trabalhar pra quê se tem um otário que vai comprar o tênis que eu quero???? Não é falta de consciência. Eles não querem se esforçar mesmo sabendo que no fim das contas estão errados em roubar o alheio... e eles sabem!

Não estou dizendo que não faltam oportunidades. Sim, elas faltam. O ensino hoje passa longe de ser aquele de 30 anos atrás e eu acredito piamente que é o ensino que dignifica as pessoas. Se vocês pararem para pensar, o aumento do número de crimes, a falta de ética e moral das pessoas e dos governantes... e o excesso da cara de pau dos políticos no Brasil de hoje é coincidente com a desestruturação da educação no BR. E nós somos os responsáveis por isso em parte quando compramos este discurso de que "a sociedade deve alguma coisa pra essas pessoas".

Na minha 7a série do fundamental fiz uma redação e escrevi "veve" ao invés de "vivi". Lembro como se fosse hoje que a professora entregou a prova de todo mundo e guardou a minha por último. Daí, ela perguntou para toda a sala ouvir onde foi que eu vi a conjugação "veve" do verbo viver. Nunca mais na vida escrevi errado. Aquela reprimenda, que hoje seria vista como constrangimento por muitos de meus colegas de universidade, me forçou a estudar português para não mais escrever incorretamente. Para mim, foi uma benção vinda dos céus! Constrangimento my ass! Eheheeheheheheh. Já pensou se eu tivesse me atado ao constrangimento que alegariam 10 entre 10 pedagogos hoje em dia? Não alcancei e não compraria o discurso.


A periferia tem muuuuuuuuuuita gente honesta... A MAIORIA ESMAGADORA É DE GENTE HONESTA que, quando as oportunidades faltam, não saem por aí matando ou roubando ninguém... essas pessoas vão trabalhar. E tenho exemplo na minha casa, onde meu irmão, com 12 anos na época, preferiu ir trabalhar a estudar porque "ele não ia aprender nada mesmo" (ele tem problemas mentais). Aos 36 anos, ele trabalha desde os 12 anos. Não saiu por aí pra roubar o alheio ou matar ninguém.

No fim das contas, quem sataniza a pobreza, principalmente os intelectuais de plantão, e eu entendo porque este é o material de trabalho de muita gente, não tem a menor idéia do que está falando.


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